Causos & Coisas
"Zóio de Marmita", figura das mais lendárias da Vila da Light
Neste local registraremos toda espécie de casos, lendas, folclores e demais bizarrices, ligadas ao povo da Vila da Light. Portanto, se você sabe de alguma situação, pegadinha, história engraçada (ou estranha) vivida no Vale Encantado, envie-nos o seu relato que teremos enorme prazer em compartilhar com os demais Filhos da Light. Isto certamente trará alegria e diversão a todos nós.
Envie seu e-mail para: filhosdalight@gmail.com
Causo 1
A Lenda do Horripilante "Zóio de Marmita"
(História contada por Joel de Carvalho e enviada por Odécio de Oliveira)
Era noite do dia de Finados, 02 de novembro de l968, quando dois filhos da Light, Mário Pudim e Joel de Carvalho, resolveram ir até Santa Helena para assistir, no cinema daquela localidade, um filme de um dos heróis de maior sucesso na época: o agente secreto James Bond, também conhecido como “007”.
Antes de saírem, Joel resolveu comentar com o amigo “Pudim” que aquele, afinal, talvez não fosse um dia muito bom para irem ao cinema por se tratar do “Dia dos Mortos” e pelo fato de o mesmo cair numa sexta-feira de lua cheia, sendo que depois teriam de voltar tarde da noite, à pé, por uma estrada escura onde já tinha ocorrido muitas aparições de “assombrações”.
Mário Pudim, no entanto, que sempre se gabara de ser "valentão", fez troça do amigo e respondeu: “Que nada! Isso é tudo papo furado. Se aparecer alguma assombração eu corro atrás dela e prego-lhe um belo susto, você vai ver!". Bem, diante de tamanha demonstração de coragem, Joel sentiu o seu medo ir embora e lá foram os dois, rumo à Sta. Helena, para uma sessão de cinema que terminava por volta das 23h.
Na volta para casa, os dois laitenses vinham conversando alegremente sobre o filme, já esquecidos de sua conversa sobre medos e assombrações, apenas relembrando os feitos fantásticos do agente secreto britânico e já estavam na altura da pedreira de Mármore na Vila de Baltar quando, súbito, deram de frente com dois “bichos grandes” que sairam do mato e atravessaram a estrada à sua frente emitindo uns ruídos fortes e estridentes.
Após um instante de paralizia causada pelo pânico, diante de tão horripilante aparição, o dois, sem dizer palavra, com os cabelos em pé, deram meia-volta e desataram em deslavada correria estrada acima, de volta à Santa Helena. Joel, sendo mais jovem, desembestou a frente deixando o “Pudim” para tras, gritando por “Socorro” e que estava sendo atacado por “um bicho grande, peludo, com 'zóios de marmita'!”. Só que tentando livrar a própria pele, no mais legítimo "salve-se quem puder!", Joel nem quis saber do amigo valentão e continuou correndo o mais que pode, sem nem olhar pra trás!
Chegando em Santa Helena, Joel teve a presença de espírito de ir direto a um ponto de táxi onde estava um tal Bernardo (pai do “Pico”) pedindo que voltassem logo de carro para socorrer o pobre do Mário Pudim. Quando ainda tentava se explicar ao taxista, eis que, como que surgido do nada, chega o Mário Pudim todo empoeirado, sujo, quase sem fala e branco de "paúra" dizendo que tinha sido atacado pelo “bicho!”.
Diante de história tão esquisita e caras tão apavoradas, o motorista Bernardo, resolveu que não iria fazer a corrida até a Light, porque depois teria de voltar sózinho com a sua Kombi-Táxi “E vai que o bicho também me ataca!”, temia. A saída foi, então, irem à procura de alguns amigos na Santa Helena que topassem fazer companhia ao Bernardo em sua missão de levar o Joel e o Mário Pudim até a Vila da Light. Coisa que, depois de algum tempo, conseguiram...
Eis que passados uns dois anos desse fato, o Joel estava estudando em Votorantim, na Escola Prof. Daniel Verano, as vezes, voltava a pé da Sta. Helena até a Light, já que no período noturno só havia linha de ônibus chegando até Sta. Helena. Algumas vezes dava certo de os horários coincidirem e ele voltava com o amigo “Toninho Groselha”; noutras, ia sozinho, e, como era inevitável - acompanhado ou só - sempre tinha de passar pelo mesmo caminho do “bicho”.
Numa dessas voltas para casa sozinho, quando já estava chegando na Portaria da Light, eis que o Joel ouviu, uma vez mais, aquele horripilante e barulhento som do “bicho peludo com zóio de marmita”, que sob as luzes da portaria de acesso à Vila, descobriu tratar-se de apaixonado casal de irarás - animais de aspecto semelhante ao das “ariranhas”, que vivem tanto em terra quanto em água - sendo, finalmente, desvendado o “mistério”.
As más línguas, contudo, dizem que o "valentão do Mário Pudim", continuou vendo outras “assombrações” em suas andanças por esse mundão de Deus e que morreu jurando que aquilo "não eram iraras coisa nenhuma", mas uma dupla de tenebrosos, horripilantes, assustadores, perigosos, alienígenas “Zóios de Marmita”!!
Causo 2
"Bandido Cueca"
Dizem os mais antigos que, durante algum tempo, entre os anos 50 e 60, ocorreu um "fenômeno" no mínimo curioso na Vila da Light.
Acontece que, de uma hora para outra, as donas de casa da vila começaram a dar pela falta de roupas íntimas femininas de seus varais, quando estas ficavam estendidas, nos quintais, de um dia para outro.
E, apesar de os maridos da vila terem passado a dormir de "orelhas em pé", ao lado de suas carabinas engatilhadas, e os cachorros serem soltos à noite, ninguém jamais descobriu quem era o tal larápio, que logo foi apelidado de "Bandido Cueca", embora sua tara fosse notadamente por sutiãs e calcinhas.
Claro que nas rodinhas de conversa, aqui e ali, alguns suspeitos chegaram a ser apontados, mas, fato é que ninguém jamais conseguiu uma foto ou botar as mãos no "sacana".
Está aí... Mais um registro de algo pitoresco ocorrido naquele nosso vale da Serra de S. Francisco.